segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

De 2012 adiante




Se tudo o que aprendi neste ano maravilhoso de 2012 se resumisse a um post...

     ...Eu começaria citando um ensinamento de meu pai, que aprendi há anos mas que se intensificou ainda mais na virada de 2011 para cá: não devemos pedir nada e sim agradecer. Confesso que, quando criança, eu achava um desperdício rezar antes de dormir, porque meu pai não me deixava pedir nada, eu só poderia agradecer. Ficava com os pensamentos dando voltas até entender pelo que, de fato, eu deveria agradecer. E tudo isso eu só vim entender em 2012, meu ano de fé.

     Eu confessaria, então, que me mantive sem nada pedir para este ano, conservando meus pensamentos em dizer obrigada por ter saúde, aquela característica essencial que, se não nos faltar, nada mais nos falta. Em dizer obrigada pela família que tenho - embora eu diga "família" no sentido mais amplo, pensei mesmo na família que mora comigo, meus pais e meu irmão; estes, que sempre me acham sensível demais e às vezes perdem a paciência com isso, fazem-me entender que nem sempre encantar-se com tudo é bom, pois às vezes desvio meus pés do chão.

     Eu emendaria, já que falei em "pés no chão", um ensinamento essencial que tive esse ano e que mudou minha maneira de viver, porque antes disso eu só sobrevivia: ensinaram-me a importância do caminhar que, dito assim, parece simples demais, vazio, mas se eu explicar com exemplos (acho essa a característica mais esplêndida do ofício de professor) talvez fique cheio de significados para todos que me leem agora.

Funciona assim: pensemos no ato de caminhar. Como fazemos para sair do lugar? Colocamos um pé frente ao outro, não é? Errado!  Colocando um pé na frente do outro permanecemos no mesmo lugar. O que nos move (para frente) é tirar o pé que estava confortavelmente parado atrás. Nosso olhar, por sua vez, deve se manter voltado para um objetivo, que é onde queremos chegar. Essa determinação dirá se devemos caminhar lentamente, depressa ou correndo. Mas o que não podemos fazer, durante a caminhada, é olhar para trás. Frase mais clichê não há, certo? Certo, mas eu também aprendi a enchê-la de significados pessoais e hoje entendo o que quer dizer, e não seria eu se não entendesse e quisesse passar adiante.

Voltemos a pensar no andar. Tente andar olhando para trás. Sim, você! Levante-se agora e tente, é rapidinho! Só tentando perceberá que de nada adianta caminhar olhando para trás, pois o simples ato de mover a cabeça para trás enquanto andamos nos desequilibra, e o que nos desequilibra nos amedronta. E olhe que só estou falando do sentido "físico", mas para mim isso se aplica a todos os sentidos. Porém, assim como de nada adianta caminhar olhando para o que passou, também devemos lembrar que movemos a nós mesmos movendo um pé de cada vez. E que mesmo sobre uma cadeira de rodas o exemplo de manter sempre o olhar para frente se aplica, assim como você move as rodas e para, move e para, move e para até que já tenha ido muito longe, e vai!

     Em 2012, ano em que finalmente não movi a cabeça para trás enquanto andava (ah, e tem que pisar firme, hein? Também não adianta pisar se deixando desequilibrar, senão dá no mesmo!)... em 2o12 consegui enxergar que sou feliz e ponto, sem essa de "olha, sou feliz, mas seria ainda mais se...". Não existe mais o "se" em minha vida. Não vou ficar aqui divagando sobre o que é ser feliz porque talvez seja relativo, além de isso cansar quem me lê, que talvez ainda não tenha se descoberto o leitor mais feliz do mundo.

     Por falar nisso, eu diria que aprendi a respeitar o espaço do outro, assim como faço com a felicidade do leitor. Cada um tem seu tempo, vive à sua maneira e só vai descobrir que perigos e delícias encontrará pela frente nessa caminhada se andar sozinho. Porque, ainda que estejamos acompanhados enquanto caminhamos, cada um caminha do seu jeito, uns mais devagar, outros ofegantes, cortando o vento e a si próprios.

     E por falar do vento, aprendi a deixar os cabelos soltos, a deixá-los crescer como são, embora eu ainda opte por deixá-los com uma cor mais escura do que são, achando que assim me destaco. Pois o vento me ensinou que posso me destacar, sim, desde que saiba o que quero e esteja de acordo comigo. Isso significa não me ofender quando alguém notar algo em minha aparência ou atitude, que seja desagradável a outros olhos, que não os meus. Destacar-se é saber que, a seu respeito, só seu olhar importa. Mas a regra não vale para todo o resto, feliz ou infelizmente.

     Por fim, já que eu mencionei que não é só meu olhar que importa nos outros casos, aprendi isso em relação ao Natal, data que eu passei a detestar desde que descobri um Papai Noel fajuto em uma ceia de família quando criança. Aprendi que meu rancor não interessa quando a maioria dos seres humanos deste mundo se encanta (ou finge que) quando esta data chega, cultivando o perdão no coração mesmo sem nunca ter perdoado a si mesmo. Desejo um feliz Natal, do fundo do coração de quem não gostava dessa data e hoje pede perdão por um dia ter deixado de se encantar com o que ela representa. Jesus nasceu e eu também, mas talvez eu só tenha nascido esse ano. Ao menos para o nascimento de Jesus eu só nasci em 2012, e que venham mais Natais para crescer divinamente, crescer, crescer, crescer! Mas vejam só! Se só nasci esse ano e antes eu já havia aprendido a caminhar, o mundo que me aguarde, pois eu vou querer desbravá-lo como se fosse ele uma trilha que leva à mais linda cachoeira. Sem esse papo de querer mudá-lo, pois ainda falta muito para mudar em meu mundo. A maior lição que 2012 me deixa é que eu já comecei...


Mas se tudo o que aprendi neste ano se resumisse a um post, eu teria aprendido pouca coisa. Espero que, por meio deste texto-pouca-coisa, possa alguém aprender também. Afinal, muito e pouco são relativos, assim como o bem e o mal. Para rimar, de novo, um Feliz Natal!