quinta-feira, 15 de agosto de 2013

De Mulher para Mulher; porém, universal

     
     




     Tive vontade de falar com todas as mulheres do mundo depois que certos assuntos se tornaram recorrentes no meu dia a dia nas últimas semanas. Tudo começou quando eu estava na primeira aula de Samba de Gafieira, dança que resolvi fazer para, além de aprender novos passos, colher informações para um projeto pessoal. Primeira aula, básico do básico do básico. Eis que o professor resolve testar o "instinto" de suas alunas simplesmente se aproximando e oferecendo-lhes um braço. Não sei explicar, mas é ridiculamente instintivo como abraçamos na hora, como se nossas mentes tivessem sido programadas com a seguinte mensagem: "se um homem lhe chamar para dançar, agarre essa chance". É absurdo como pensar na Cinderela temendo não ser escolhida por seu príncipe pelo sapatinho que, valha-me Deus, era dela!

     O professor, então, continuou sua aula fascinado pelo sucesso de seu exemplo. Depois, explicou que a beleza do Samba de Gafieira está na dama, que se esquiva do "malandro" se exibindo para ele. É algo como "você só pode olhar, não tocar". OK, mas alguma coisa ainda não estava certa dentro de mim. Mesmo essa história de não-me-toque ainda soava pedante; procurei, no entanto, não levar tudo tão ao pé da letra, caso contrário não conseguiria dançar, já que é preciso colocar a alma no negócio.

     Dias depois, lá estava eu em uma aula em que sou eu mesma, livre e despreocupada, forte, embora também iniciante. Estava na Dança Cigana. E o assunto homem-mulher-dança surgiu de novo, na forma mais linda que pode haver (para mim). Aprendi que é a cigana que envolve o cigano em sua dança, mas é tudo meio de lado, afastando-se ao menor indício de aproximação. Aprendi que o casal se respeita porque um reconhece a beleza da alma do outro, mas não se preocupa em dissecá-la, aprisioná-la para si, tocá-la. É um toque indireto, por isso mais bonito. Fiquei mais feliz e a semana seguiu assim, felizmente, aliviada.

     Aí, encontrei amigos na festinha de aniversário do filho de uma amiga querida, cuja espontaneidade e leveza do ser é quase inexplicável, de tão sincera. E qual foi o assunto? Crianças (meninas) criadas com o estereótipo de princesa. Não tinha me dado conta do quão perigosa é essa "criação", até surgir essa conversa. Acho que quis ser princesa em algum momento da infância, não vou negar. Também não vou negar que havia cavaleiros medievais caucasianos fantasiados na mente, que me salvariam, mas... do quê? De que salvação nós, mulheres, precisamos? Dos rótulos, talvez. Das amarras de um "instinto" em que se abraça o primeiro que lhe estende a mão. Ou, tanto pior, do julgamento de abraçar o primeiro que lhe estende a mão, que problema há nisso?! Qual o problema em estar sempre pronta para dançar conforme a música? E qual o problema em não querer dançar? Qual o problema em escrever um projeto de Mestrado em que, de forma louvável, se pretende estudar o funk como expressão do feminismo? (Para quem não se lembra, releia aqui).

     Enfim, qual o problema em ser o que nossa essência nos permite? Hoje sou assim: se for para ser princesa, que seja por ter uma mãe rainha e um pai rei, mas já adianto que prefiro uma coroa de galhos, folhas e flores, que me impulsionam a viver em harmonia com a natureza: a exterior e a minha própria. Que saibamos encontrar nossa natureza nos mais singelos momentos do dia. Grande beijo!

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